quinta-feira, 24 de julho de 2014

Sentimento agridoce: as escolhas que fazemos!

Quando o sentimento agridoce chega,  as mãos formigam e o peito quer gritar. É aquele sentimento de euforia e de tristeza. Tudo ao mesmo tempo e pelo mesmo motivo. Essa é a melhor definição que eu consigo escrever pra definir como me sinto. 

Tá chegando a hora de ir embora e eu não quero voltar. Não quero ter que andar de ônibus que não funciona direito. Não quero ter que me preocupar com a segurança, dos lugares que vamos e a que horas vamos. Não quero mais esse verão de Porto Alegre que cozinha a gente. Essa política pobre e ruim, não quero as eleições. Não quero ter que voltar pra um país que come praticamente 40% dos nossos rendimentos anuais pra não te dar nada em troca. NADA. O Brasil é um país lotado de defeitos e qualidades, todos sabemos. Mas é revoltante saber que vamos chegar no primeiro aeroporto brasileiro com as malas intactas e quando chegar em Porto Alegre elas vão estar sujas, quebradas e até extraviadas, porque - INFELIZMENTE - é assim que acontece. Já viajei algumas vezes pra comprovar. 

Me revolto mais com quem não enxerga essas coisas. Há um tempo atrás tive uma conversa com uma brasileira aqui, e ela disse que ficava revoltada com pessoas que falavam mal do Brasil e não sei mais o que. E aí eu me revolto. As pessoas morando aqui, as vezes só estudando e curtindo a experiência, só querem ouvir falar de um país de fantasia. É fácil falar BEM do Brasil quando se está em condições muito boas, em outro país. Porque até quem mora no Brasil e tem ótimas condições tá cansado dessa chacota. Enfim...

O post não é sobre os problemas do Brasil ou de qualquer outro lugar. Problemas existem em todos os lugares e eu não ingênua a ponto de pensar que a vida nos EUA é uma perfeição, porque também não é

Tivemos vários problemas por aqui. Clonaram nosso cartão de crédito e o banco no Brasil tá cagando e andando (sorte não precisar pagar um advogado pra resolver essas questões na volta). Desembolsamos uma nota com hospitais e remédios. O Cable Car É UM INFERNO! E eu espero nunca mais precisar andar nele, a não ser por puro turismo. 

Defeitos e qualidades fazem a gente odiar e se apaixonar por qualquer lugar. 

SAN FRANCISCO é uma cidade maravilhosa, que nos acolheu bem. Vou morrer de saudades desse lugar. Das vistas MARAVILHOSAS. Meu deus, que cidade LINDA. Nunca vou me cansar de olhar pela janela e ver o quão linda e especial essa cidade se tornou pra mim. Eu tive tantas oportunidades aqui. Conheci tanta coisa nova. 

Mais o mais importante desses 6 meses vividos intensamente aqui é que eu e o Fernando aprendemos que as escolhas das nossas vidas são NOSSAS e de mais ninguém. Ninguém mais decide pela gente. Muitas coisas pesam, as opiniões das pessoas pesam, mas quem decide o rumo que a nossa vida toma somos nós. É a nossa vida, nossas escolhas, pensando no nosso futuro sempre. Minha mãe me ensinou olhar pro futuro, a colocar as coisas na balança e pensar no que seria melhor pra mim, pra minha vida. E a partir de agora é isso que eu vou fazer. Eu tenho capacidade suficiente pra pensar sozinha, e sempre preciso da ajuda de todos ao meu redor, mas a escolha final é sempre minha. A escolha final é sempre de cada um de nós.  Pelo menos é assim que deveria ser. 

A nossa escolha foi ser completamente feliz aqui, longe de casa, dos amigos e da família. Aprender a ser feliz assim. Hoje, quase na hora de ir embora, percebo que foi MUITO difícil. Chorei dias sem parar, reclamei muito. Senti muita falta dos meus filhos felinos e fiquei triste por perder vários momentos legais do nosso círculo de amizades e familiar. Mas são escolhas da vida. As pessoas seguiram vivendo suas vidas,  apenas com a nossa presença online. 

Isso é devastador quando se para pra pensar. Mas, nós fizemos essa escolha. Sabíamos que a vida ia seguir sem a gente lá. Mas sabíamos que a nossa ia seguir aqui. O Fernando me disse ontem: "Se não fizermos isso agora, depois que tivermos nossos filhos, nunca mais poderemos ter essas experiências de ir embora sem olhar pra trás e conhecer outras coisas que podem nos fazer muito mais felizes também". E é verdade. Não é questão de ser mais feliz ou não, é questão de se encontrar outras maneiras de felicidade, e quem não entende isso é muito egoísta.

Conversando com o Carlos, meu primo, falei pra ele por e-mail, que tinha certeza que ia me arrepender de voltar ao Brasil e ele me disse uma coisa que clarificou meus pensamentos: Pois é, mas a vida é assim, são experiências que vivemos... Tudo, absolutamente tudo, é passageiro... Não adianta nos apegarmos a momentos... Com tempo, tudo vira lembrança... E, no meio disso, vamos tendo momentos felizes, que é o que faz tudo valer a pena...

É difícil, claro que é. Muitas vezes achei que seria impossível passar mais uma semana. Mas é assim que a gente aprende. É assim que a vida acontece e faz cada momento valer a pena. 

Meu sentimento agridoce é no sentido de QUERER MAIS DO QUE QUALQUER COISA voltar pra casa. Voltar pra minha vida de verdade, pros meus gatos, pros meus amigos e pra minha família. Mas ao mesmo tempo eu queria tanto, mas tanto, ficar aqui. San Francisco inspira felicidade, inspira AMOR. 

Eu tenho certeza que cada um que passou por aqui, pelo menos por uns dias, se apaixonou. San Francisco é amor, é cultura, é felicidade e oportunidade. Mas Porto Alegre é amizade, é família, é saudade, é a casa da gente. Como competir com isso? 

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