segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Um dia em uma cadeira de rodas

Oi Oi! 

Há alguns dias venho escrevendo esse post e acabou demorando um pouco em razão de ter muita coisa pra escrever e descrever. 

Primeiro de tudo: Quebrei o pé e torci o tornozelo uma semana antes do meu tão sonhado show dos Backstreet Boys em Porto Alegre, dia 15/06/15. 

Minha primeira reação foi de susto e depois comecei a pensar como seriam os próximos dias com gesso, muletas, banho sentada, dependência pra praticamente tudo, incômodo pra dormir. Tudo isso não foi nada perto do que eu senti quando sentei em uma cadeira de rodas para poder ir ao show dos meus sonhos. 

É muito difícil alugar uma cadeira de rodas em Porto Alegre. Eu não sei como é em outras cidades/estados, mas em POA era impossível. A diária custa em média R$8,00 - até aqui tudo bem, mas tu tens que alugar ela por - no mínimo - 30 dais e deixar um caução em dinheiro de em média R$1.200,00. É caro e praticamente inacessível. Pra quem realmente precisa de uma cadeira por tempo indeterminado é mais fácil comprar do que alugar. No fim consegui uma emprestada.

Dito isso, começamos a saga da cadeira: como eu iria no show dos Bakcstreet Boys?
Os problemas começaram quando eu, por diversas vezes, liguei pro PEPSI ON STAGE pra saber sobre a acessibilidade. Eu sou advogada e conheço os meus direitos. Conheço a lei da acessibilidade e só é permitido um acompanhante pra cada portador de necessidade especial. 

O PEPSI ON STAGE não me forneceu nenhuma informação sobre o espaço de acessibilidade e muito menos se ele iria existir. Não me repassaram nenhuma informação sobre fila preferencial.

Chegamos no local do show e nos encaminharam pra uma fila que não era da PISTA, mas era plana o suficiente pra deixar a cadeira. Não existia fila de acessibilidade até então. As pessoas não te dão espaço pra passar, não te respeitam e te olham de cara feia. Como se eu estivesse adorando estar naquela posição. 

Duas horas na fila, fui abordada por um repórter do G1 na fila. Conversamos e ele pediu uma foto pra ilustrar a matéria e nós autorizamos. O repórter ainda fez uma brincadeira, dizendo que iríamos ficar em um lugar privilegiado pra poder enxergar o show... eu fiquei constrangida, mas disse: tomara que sim, pois eu realmente quero ver o show. 

Uma hora antes de abrirem os portões um segurança veio até mim e me informou sobre uma fila de acessibilidade que estava se formando pra poder entrar antes de todo mundo e não ser pisoteada. Fomos pra essa fila e conhecemos algumas pessoas com histórias super interessantes. Uma delas foi a Karen Novaes, a única cadeirante além de mim, que mora em Tramandaí e foi pro show acompanhada do marido (ela respondeu algumas perguntas e eu vou transcrever aqui pra vocês terem outra ideia de como foi). Conhecemos também a Keli, grávida de gêmeos (que já nasceram :D), que estava sozinha na fila e a Sthe, minha prima, entrou como acompanhante dela, pra poder me ajudar. 

Entramos aos trancos e barrancos, uma menina ATROPELOU MINHA CADEIRA na fila mesmo. Entramos junto com o pessoal que tinha pista Premium. Foi uma confusão, eu gritando pra pedir que as pessoas me dessem passagem. E ninguém olhava pra frente, pro lado, pra baixo... muito menos pra mim. 

Fomos direto pro banheiro e eu simplesmente não conseguia entrar. As pessoas não saiam da frente e não me davam passagem. Com muito custo consegui passagem. O banheiro foi um inferno. O de deficiente estava lotado de coisas, tipo um depósito e a funcionária de má vontade perguntou se tinha que tirar o balde de água e o resto lá de dentro. 

COMO ASSIM? Era meio óbvio que sim né. Depois disso fui pra área destinada aos portadores de necessidades especiais. 

O espaço era do tamanho da minha cozinha e já estava lotado. Consegui um lugar pra colocar minha cadeira (ao lado da Karen) e minhas acompanhantes cederam as suas cadeiras para os outros portadores de necessidades. 

TINHAM 9 CADEIRAS PRA TODO MUNDO. 9 CADEIRAS! E ÉRAMOS, MAIS OU MENOS, 20 PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS E SEUS ACOMPANHANTES. 

Resultado: Acompanhantes de pé e as pessoas paradas atrás gritando em coro: "SENTA, SENTA" - "VAI EMBORA". Bolinhas de papel, empurrões. Ficamos com medo que jogassem bebida. Uma menina invadiu o espaço querendo colocar os outros pra fora. GENTE, QUE ISSO? Eu nunca me senti tão desrespeitada e tão humilhada na vida. Na frente eu ouvi uma menina dizer: "ALEIJADO FICA EM CASA". Não é possível que as pessoas sejam tão sem noção assim. 

Nós ficamos entre a PISTA e o PREMIUM. Tinhamos pulseiras do ingresso premium. Os acompanhantes poderiam ter assistido o show lá na frente do palco. Mas não, RESPEITARAM TODO MUNDO E FICARAM NO LOCAL INDICADO, JÁ QUE NÃO PAGARAM POR AQUELE INGRESSO. 

Eu, que estava sentada, vi muito mal o show. Não consegui ver muita coisa nítida. Nos colocaram tão longe do palco, que eu teria que me levantar pra enxergar bem. Os acompanhantes viram bem porque estava de pé, acima dos outros, mas quem portava necessidades especiais como eu e a Karen, não conseguimos enxergar. 

"Os desiguais devem ser tratados desigualmente, para se obter a igualdade", já dizia minha professora de Direitos Humanos, Virgínia Feix. 

Eu, enquanto portadora de necessidades especiais naquele dia, me senti desrespeitada. Uma menina disse na minha frente: "Seria desumano subir aqui na grade e ficar na tua frente", com cara de nojo e debochada. NÃO! SERIA FALTA DE RESPEITO! 

O PEPSI ON STAGE não fez absolutamente nada pra que nós nos sentíssemos bem naquele espaço. Não disponibilizaram cadeiras e espaço suficiente pra todo mundo, nos colocaram tão longe do palco que eu só via a cabeça dos outros, porque não conseguia me esticar. Não disponibilizaram telões pro público. 

Mas o pior mesmo foi ter que ouvir as pessoas me mandando pra casa. Eu me senti muito triste. Não consigo acreditar que isso realmente faça parte da rotina de milhões de pessoas

Portadores de necessidades especiais, sejam quais forem, merecem respeito e acolhida de todos os estabelecimentos públicos e privados. O desrespeito e a humilhação me marcaram de uma maneira que eu simplesmente não consigo mais aceitar esse tipo de coisa. 

Aquela velha história: Estacionou na vaga de deficiente? Multa CARA, R$3.000,00 à vista sob pena de apreensão do carro (penhora e devolve o resto, sei lá!), sem recurso. É só um minutinho... NÃO EXISTE MINUTINHO. E eu conheço advogado que faz isso - QUE VERGONHA!!!!!!

O que são as calçadas? A falta de educação das pessoas que se atravessam na frente e não dão passagem? Os olhares maldosos ("espertinha, acha que vai ficar em um lugar melhor que o meu").

Enfim, eu voltei a andar 28 dias depois desse episódio. Mas e quem não voltou ou não voltará? Até quando a gente vai permitir que as pessoas sejam ignorantes e preconceituosas com as pessoas que portam necessidades? 

Então, vou transcrever uma parte da minha conversa com a Karen, que é portadora de necessidades especiais, já passou algumas vezes por esse tipo de situação e mais uma vez se sentiu desrespeitada. Ela é muito fã de Backstreet Boys e estava realizando um sonho, foi super querida comigo no dia e atendendo aos meus questionamentos.  Obrigada pelo teu relato Karen!



"Meu nome é Karen Tatiane Novaes, tenho 32 anos, e estou desempregada.

Sou portadora de deficiência, tenho uma lesão permanente devido a uma fratura de fêmur e perda óssea de 6,5 cm.

Como meu problema é mais de dificuldade de mobilidade e a não possibilidade de ficar grandes períodos de pé, me locomovo facilmente com auxilio de muletas, porém como me foi dito pelo Pepsi On Stage que não seria disponibilizado cadeiras, me obriguei a ir de cadeira de rodas pois não conseguiria permanecer de pé durante o show todo.

Tanto o Pepsi on Stage quando a Ticket for Fun garantiram que o local teria boa visibilidade e seria BEM próximo ao palco, a Ticket não sabia responder se seria na Pista Premium ou na Pista Comum, mas mesmo assim garantiu ser próximo ao palco, o Pepsi disse que seria junto a área VIP, (...) essa estrutura não foi montada. A área VIP foi posta na frente do palco enquanto a área para PNEs ficou no limite do começo da Pista Comum, com a Pista Premium toda na frente da área PNEs.

Me senti enganada, pois depois da produtora e da casa de show me garantirem , dizendo que eu poderia ficar tranquila, que eu teria uma boa visibilidade, a minha felicidade de realizar um sonho que era ver os Backstreet Boys foi por água a baixo, pois não era possível ver quase nada se eu permanecesse sentada. 

Antes do show fui tratada muito bem tanto por funcionários como pelas fãs que estavam na fila aguardando o show, mas tudo mudou quando fomos levadas pelos seguranças para a área destinada aos PNEs, lá fomos colocados em uma "ilha" com no máximo 0,50cm mais alto que a pista que nos deixava com a visão, não acima das outras pessoas, mas na mesma altura de quem estava de pé. Nesse local foram disponibilizadas cadeiras insuficientes para todos os deficientes, idosos, gestantes e seus respectivos acompanhantes, onde quase metade das pessoas que estavam nessa área teve de permanecer de pé, ficando assim na frente de quem estava na Pista Comum, atrapalhando a visão dos mesmos. Foi então que começaram os protestos contra quem estava de pé, que sofreram de uma humilhação sem tamanho, escutando vaias, xingamentos, foram atiradas bolinhas de papel e garrafas de água vazias. Um único segurança impedia que a área fosse invadida. Enquanto tudo isso ocorria, nem foram postas as cadeiras faltantes e nem fomos realocados onde não interferíssemos a visualização de ninguém, onde nós teríamos boa visibilidade e onde não sofreríamos essa humilhação. 

Após o show o medo cresceu, e não foi só em mim, pois outras meninas também esperaram todos saírem, pois estávamos com medo de sermos linchadas na rua, e após os seguranças nos colocarem pra fora, fecharam as portas e não ficou nenhum segurança na rua, sorte nossa que a maioria da multidão já havia se dispersado.

Voltar ao Pepsi é algo difícil, pois confiança é uma coisa que depois de quebrada não é fácil juntar os caquinhos, pois por mais que me garantam que tudo será como deve ser, boa visibilidade, independente se perto ou longe do palco, mas que eu sentada possa ver o show todo, mesmo tendo essa garantia eu não voltaria, pois eles me garantiram e não foi cumprido!!! 

Pretendo entrar com uma ação contra a Ticket e o Pepsi, já que um empurrava as questões pro outro quando perguntava sobre a área PNE e ninguém queria se responsabilizar. Nenhum dos dois sabia onde seria o local destinado aos PNE, e mesmo assim me deixando na ilusão de que teria uma boa visibilidade e BEM próximo ao palco (cifro o "bem" pois é isso que está escrito no e-mail que me enviaram e nas gravações das ligações que fiz!). 

Até onde sei isso é propaganda enganosa. Sem falar da humilhação que meu marido e eu passamos. Como eu disse antes, o que me foi tirado naquela noite não pode ser reposto, mas ação é para que, talvez doendo no bolso, eles não repitam isso com outras pessoas, pois não desejo o que passei, pra ninguém! Sem falar que a casa não tem preparo para receber PNEs, pois se quisesse ir ao banheiro, depois de ter chegado ao local à nós destinados, seria impossível pois teria de atravessar uma multidão, se acontecesse qualquer catástrofe, um incêndio, por exemplo, morreríamos todos, pois só após todas as pessoas saírem que seria possível a nossa retirada. Insegurança, despreparo, não sei nem como ainda funciona uma casa dessas!

Espero que tenha ajudado! Beijão!"


Enfim, espero que vocês tenham gostado do post de hoje, ele não é de fato algo pra se gostar né, é mais pra que a gente tome ciência do que acontece do nosso lado e veja os portadores de necessidades especiais de uma maneira mais humana. Nós não somos iguais aos outros, mas todas as pessoas merecem respeito acima de qualquer condição. 



segunda-feira, 11 de maio de 2015

Aproveite o seu tempo e tire mais fotos!

Meio clichê dizer que o tempo passa muito rápido né?

Mas é exatamente isso que eu venho comentar hoje: passa e MUITO rápido. Esse assunto sempre foi algo que me deixou chocada, pra falar a verdade. Eu não me sinto com a idade que eu tenho... muitas vezes me sinto bem mais velha do que realmente eu sou.

E nessa semana foi divulgado o novo clipe do Ed Sheeran - Photograph. Não é novidade o quanto eu sou fã do cara... gastei mais de R$400,00 no ingresso e me fui pra São Paulo só pra ver o show dele de perto.

A música é muito linda e o clipe então é de chorar. É uma retrospectiva da vida dele, com vários acontecimentos desde bebê. Essa música e esse clipe me fez pensar tanto na minha vida. Quantas coisas ficam só na memória? Quantas coisas a gente só lembra olhando uma única foto. Quantos sentimentos afloram olhando uma única foto.

O nosso tempo passa tão rápido que quando a gente vê já acabou. Agora com smartphones e internet é muito mais fácil memorizar momentos. As pessoas criticam quem filma ou fotografa tudo, que acaba enxergando as coisas através de uma lente. E qual o problema disso? Tem gente que simplesmente não tem memória pra guardar tanta coisa que acaba passando mais tempo olhando o que fez do que realmente aproveitando o tempo em si. E não tem nada de errado nisso. 

Eu tenho uma memória muito boa, lembro com detalhes de coisas que aconteceram há 10 anos atrás... todo mundo pergunta: "Como tu lembra disso?"Não sei. E eu vejo muitas coisas através de lentes, e consigo aproveitar igualmente o momento. As pessoas não são iguais. A vida passa na nossa cara e a única coisa que fica são as memórias. 

A questão toda é aproveitar o seu tempo da melhor maneira possível. Através de uma lente? Que seja! Amanhã é o que vai te fazer lembrar daquele momento maravilhoso! E cada vez mais a gente precisa de algo que nos relembre como a vida é boa em tantos momentos. A idade passa, ela chega. O tempo passa e correndo. 

Eu acho que o tempo deve ser aproveitado ao máximo. Um dia de cada vez. Porque é a única coisa que nos faz sentir vivos. O que fazer só depende da gente. Eu sou uma pessoa que tenho muitos conhecidos, mas MUITOS amigos que são igualmente importantes na minha vida e eu procuro dedicar o maior tempo possível pra eles. A vida é curta minha gente. O tempo passa e a gente não sabe onde ficou tudo aquilo que planejamos e não fizemos.

Sabe o ditado clichê: depois que acaba tu sente saudade? depois que perde tu dá valor? É exatamente isso... o tempo não volta mais e vai deixar saudades. Por isso eu sempre digo: APROVEITA A VIDA! Aproveita todas as oportunidades que a vida oferecer, não só de trabalho, estudo e etc, aproveita a oportunidade de dividir tua vida com alguém, de agregar experiências.

A vida é difícil, mas ela pode ser bem menos complicada se a gente souber como aproveitar.

Aprenda a rir mais e a falar mais, a dizer não na hora certa. Aprenda a se comunicar melhor, a expressar opiniões, não fique em cima do muro. Arrisque mais, viaje com mais frequência, nem que seja de ônibus atravessando a cidade. Aprenda outra língua, adote um bichinho. Faça muito sexo e se divirta com isso. Faça mais amigos e perdoe aqueles que um dia lhe faltaram. Faça mais vídeos, converse com seus amigos e registre! Alguns podem não estar mais por aqui quando tu precisar ouvir a voz deles.

Aproveite a vida de todas as maneiras que puder, porque o tempo passa meu amigo, e muitas coisas ficam só nas memórias e nas fotografias. Aquilo que tu viu de perto e/ou através de alguma lente é o que vai te deixar nostálgico e ao mesmo tempo feliz de lembrar como era bom.



Beijos e tire mais fotos, faça mais vídeos!  



Pra quem não sabe de qual música eu to falando, aí vai a música com o clipe que eu falei lá no topo.


Ed Sheeran - Photograph



segunda-feira, 2 de março de 2015

Helena, Klaus e Dexter - nossa história de amor!

Oi Oi! 

Eu sempre quis escrever um post sobre isso. Eu sempre tento fazer as pessoas amarem gatos e muitas delas não se convencem. :( Que pena, pois com certeza absoluta, tu teria um amigo pra vida toda. 

Esqueçam aquela parte onde falam que o gato é malvado, que o gato só pensa em si e só te dá carinho quando quer. 

Primeiro: não é verdade e o Klaus e o Dexter estão aí pra provar isso. Meus amigos, que frequentam a minha casa, bem sabem... ele são super sociáveis e carinhosos. 

Segundo: se você realmente acha isso, no que se difere de você então? O gato é mais parecido conosco do que a gente imagina. Existem pessoas sociáveis e pessoas que não são nem um pouco sociais! E com os gatos não é diferente. Tenha sempre em mente que ele gosta de carinho, às vezes. 

Minha história com gatos sempre foi de amor. Eu sempre amei gatos e nunca pude ter um enquanto morava com meus pais, sempre tivemos cachorros (e eu tb amo!). Eu tinha uma amiga na faculdade que tinha vários gatos em casa, me apaixonei por uma pretinha que ela tinha e era muito mimosa. 

Minha vontade de ter um gato era tanta que eu acabei tatuando um gato preto nas minhas costas (claro, hoje ela não é tão bonita quanto parecia, precisa ser refeita, mas isso é com o tempo e não me arrependo nem um pouco de ter feito!). 

Quando eu e o Fernando fomos morar juntos, eu queria muito um bichinho pra me fazer companhia. Ele não queria de jeito nenhum, principalmente porque não gostava de gatos. Eu incomodei tanto, mas tanto, que até ele se convenceu de que seria uma boa ter um gato e não um cachorro. 

Comecei a procurar gatos para adoção (sou completamente contra a venda desses animais, mas isso é uma opinião minha e cada um no seu quadrado). Eis que então surgiu a opção de adotar uma gatinha que ainda não havia nascido, mas que estava quase lá. Eu esperei ela com tanto amor e carinho que foi impossível não se apaixonar por aquela gata branca que mais parecia um ratinho. Daí surgiu a minha Helena, chamada por todos carinhosamente de Heleninha. 

Eu sou APAIXONADA por esse nome. Branquinha dos olhos azuis, uma lady quando pequena. Uma monstrinha quando cresceu. Castramos a Heleninha, sempre cuidados com todo amor e carinho e o Fernando se apaixonou por ela também. 

A Helena era uma gata muito brava, temperamental e desobediente. Nós não conseguíamos fazer ela parar de atacar as pessoas. Ela era hostil por natureza mesmo. Ela arranhava muito, mordia e era desaforada. Enfrentava a gente e quando era xingada pelas artes que fazia, ela se voltava contra a gente e tentava morder. Ficar 5 minutos com a mão nela pra fazer carinho era muito. Ela conseguia ser bem malvada. 

Mas ao mesmo tempo ela era o nosso amor. O nosso bebê, nossa filha. E eu jamais abandonaria um filho só por ele ser diferente ou não ser tão amoroso quanto nós gostaríamos que fosse. 

Aprendemos a lidar com a Helena e ela aprendeu a lidar conosco. Viramos amigos (apesar de que ela amava o Fernando e não chegava muito perto de mim). A minha tristeza por ela gostar mais dele do que de mim era avassaladora e me fazia sofrer. Mas enfim. Nossa, posso ficar horas contando histórias na Helena aqui. Ela era muito engraçada e mimosa quando queria. 

Até que um belo dia eu cheguei e não encontrei ela em cima do roupeiro (lugar preferido dela). Comecei a procurar e me dei conta de que ela havia caído da janela. A dor no meu coração e o pavor de saber que ela estava na rua tomou conta de mim. Fiz o Fernando sair do trabalho às 15 e me ajudar a procurar. Foi um martírio e eu só chorava. Um vizinho achou ela dentro do bloco dele, mesmo condomínio. Ela tentou voltar pra casa e confundiu as bolas. Quando eu entrei e chamei por ela, ela veio correndo e parecia cena de filme pulou no meu abraço! Ela estava bem machucada, com o focinho sangrando e quando segurava perto da coluna ela chorava. Ali eu vi que a minha Heleninha me amava da mesma maneira que eu a amava. Era recíproco e ela me pedia socorro. Não foi pro colo do Fernando, só queria ficar comigo. 

Saímos do bloco direto pro carro e levamos ela pro veterinário. Ele afirmou que com certeza alguém havia chutado a coluna dela, pois estava machucada. Fizemos os exames e eles ficariam prontos na quarta-feira (isso era uma sexta). Resultado: Helena ficou com uma lesão na medula e morreu na sexta-feira seguinte, de madrugada, na nossa cama. 

Eu experimentei muitos dias tristes na minha vida. A morte da família, a morte de uma das minhas melhores amigas, e tinha chegado a hora de experimentar a dor da perda de alguém que se tornou tão importante nas nossas vidas, nossa Heleninha, nossa filha felina. 

A caixa de areia, ração e os brinquedos dela, ficaram lá até segunda-feira. Não conseguíamos tocar em nada e eu só conseguia chorar. Eu e o Fernando passamos o sábado jogados no sofá, chorando e olhando as coisas dela. Ele queria arrumar tudo e eu não deixava. Não sabia o que fazer pra consolar o meu sofrimento. 

O Fernando decidiu que não teríamos mais nenhum gato até o primeiro filho nascer hahaha Eu não queria esperar tanto. Eu tinha muito amor pra dar e ninguém pra receber. 

Na segunda-feira, encontrei um anúncio de adoção de dois gatos machos, irmãos, que ainda não haviam sido adotados porque ninguém queria ficar com os dois, eles eram muito apegados e já estavam com 3 meses. 

Quando eu vi a cara manchada de um e o olhar do outro, foi amor a primeira vista. Eu não poderia existir em um mundo onde eles não fossem meus. Mostrei pro Fernando e ele achou lindo, mas não queria mais. Disse que íamos sofrer de novo e que dois nem pensar. Que a Helena já fazia uma baita bagunça, imagina dois. 

Eu não consegui dormir aquela noite! hahaha Quando eu quero uma coisa, ela vai ser minha. Eu sou assim. Pode demorar o tempo que for, mas vai ser minha. Mas eles não tinham tempo!!!!! 

Acordei o Fernando às 7h da manhã na terça e disse: Eu sei que tu não quer, mas eu preciso deles. Por favor, me deixa ficar com eles! (igual criança mesmo) Eu ganho o Fernando no cansaço! Ele gritou tão alto que eu me assustei! - Pega esses gatos de uma vez então! Mas tu que vai cuidar e eu não quero saber deles! 

Pra quem eu liguei na hora? ANITA! Ela tava se arrumando pro trabalho. E eu dei o endereço da pet pra ela e era MUITO perto do trabalho dela. Perguntei se ela podia buscar eles comigo e me dar uma carona até em casa, já que o Fernando não ia buscar comigo. É óbvio que ela foi. 

Buscamos eles às 20h e levamos direto pra casa. Chegamos em casa e o Fernando estava tomando banho. Eles eram tão amados e curiosos que já saíram xeretando tudo! Lindos e amados. Não tinham nomes, eram apenas "os bebês", como eu chamo até hoje. 

Quando o Fernando chegou na sala falando, eles tomaram um susto que ficaram paralisados olhando. O Fernando começou a rir e sentou no chão, chamando os gatinhos. Eles começaram a brincar e todo mundo entrou na onda. Pronto: A Anita virou a dinda dos meus bebês. 

Na hora de decidir os nomes, ela também participou. Queríamos nomes de vilões. Pensamos em Darth e Vader. Fernando achou difícil pra Bibi, nossa afilhada falar (ela ainda era pequenina). Ele deu a ideia de BISCOITO E NABISCO, LAJOTA E CALOTA e mais uns que eu não lembro, mas que eram igualmente horríveis hahaha Pensamos então nos vilões de seriado: Dexter e Klaus. Vilões malvados mas que nós amávamos. 

Eles ganharam nomes assim porque esperávamos dois gatos monstrinhos iguais a Heleninha. Eles parecem dois bobalhões de tão dóceis que são. 

Personalidades completamente diferentes e cada um escolheu o seu "dono". 

Klaus é o meu Lord, amado, contido, elegante, carinhoso e desesperado por crocs. Adora um carinho e que cocem o rabo dele! Ama a escova de pentear e a característica mais marcante é que AMA LAMBER AS PESSOAS. Ele busca a bolinha de papel e traz pra gente jogar de volta.

Dexter é o maloqueiro do Fernando. Arteiro, só faz arte, vive em cima do chuveiro, come os fios, escala o Fê e pede carinho em cima do ombro. Tá sempre morto de fome e fazendo alguma arte. Quase derruba a tv, vira o pote da água e da comida, se pendurava no cano do ar condicionado e vive agarrado na tela da janela. Ele é muito carinhoso, vai no colo de todo mundo, adora uma festa e brinca o tempo todo sem parar. Ele também busca a bolinha de papel e não devolve, foge com ela.

Várias pessoas mudaram de ideia sobre os gatos depois de conhecerem os meus: Tia Sthe, por exemplo, passou a adorar os bichanos... mas só os meus bebês eu acho haha

Enfim, eles contrariaram tudo que eu imaginava ser um gato. Eles são realmente amorosos e carinhosos. Nossa vida é cheira de alegria por causa deles. E eu sempre digo, é impossível sair da minha casa sem se apaixonar por eles. Até aqueles que não gostam de gatos se apaixonam. 

Eles são os meus amores e - desculpa família e amigos - são o que eu mais sinto falta. Queria os meus bebês aqui perto de mim. Enfim, a volta pra casa tá quase aí e eles tão sempre bem cuidados pela ainda Anita, que nunca falha. Obrigada por cuidar muito bem deles Anita, tenho certeza que eles também te amam muito. 

Espero que tenham gostado do post e desculpem-me por ter sido tão longo. Quando fico longe fico muito sentimental. 

Fotinhos pra ilustrar o post :)

Heleninha bebê












Klaus e Dexter





Tia Sthe não gostava de gatos e se apaixonou por eles! 


Modelando pro Refúgio Hotel Pet, onde eles ficam quando a dinda Anita não pode cuidar :)







Não foi ensaiada! Eles realmente dormem assim! *-*





Beijos :*

Mari Day















segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Mais sobre Calgary :)

Olá olá! :)

Demorei um pouco pra postar novamente aqui no blog porque o tempo é corrido mesmo. Nós viemos pra passar 5 semanas e hoje já se inicia a quarta semana! Nossa, o tempo passou muito rápido por aqui. 

Sinto muita saudade de casa, da família e dos amigos, e claro: dos meus bebês maravilhosos que vivem cheios de fotos no facebook e instagram, bombardeando todo mundo de amor e paixão hehe

A vida em Calgary é muito tranquila. Em alguns momentos é tranquila de mais pro meu gosto. Eu sou agitada, gosto de viver na rua, conhecendo coisas novas, conhecendo pessoas novas, não calando a matraca... E isso é meio difícil por aqui. 

A cidade é linda, MUITO limpa e as pessoas são extremamente educadas. Isso é uma qualidade muito importante que faz com que a gente queira ficar por mais tempo. 

A cidade de Calgary é a terceira cidade mais populosa do Canadá e a mais populosa da Província de Alberta. É uma cidade relativamente nova, foi fundada em 1875.

O que mais impressiona aqui é a temperatura instável. O inverno, como eu já disse no outro post, é muito rigoroso, temperaturas bem negativas e é MUITO frio. Não consigo nem explicar, mas quando não uso a roupa térmica meus ossos começam a doer no frio e não é exagero.

O verão deve ser bem gostoso, temperaturas máximas de 20 a 25 graus, e a média é de 16. Todo mundo fala pra gente aqui: "Vocês tinham que vir no verão, é maravilhoso, incrível e tals". Deve ser mesmo, pq ouvimos isso de praticamente todas as pessoas novas que conhecemos por aqui, inclusive no táxi.

Nós moramos em Downtown (centro) e aqui é mais frio que o restante da cidade porque os prédios comerciais e alguns residenciais são concentrados aqui, então o sol não chega muito e faz uma corrente de vento em algumas ruas que é um absurdo. Quando tem vento é melhor ficar em casa.

O transporte público funciona bem, os horários são bem cronometrados e algumas vezes existem atrasos em razão da neve, acidentes e tals. A passagem individual custa $3.15, mas existem passes mensais que custam bem menos e tu anda por tudo. Dentro do centro da cidade não é preciso pagar passagem. 

Aqui existem em média 160 linhas de ônibus, é algo absurdo! haha E ainda tem duas linhas de trem que possuem 42,1km. 

Uma coisa muito legal é que tem MUITAS ciclovias aqui, quase tudo é ligado por ciclovia! Existem 400km de ciclovias dentro da cidade. E 200km foram especialmente planejados para os ciclistas. 

E algo incrível: como o inverno é muito rigoroso aqui, existe um sistema de 16 quilômetros de vias elevadas, de uso exclusivo para pedestres, é o mais extenso do mundo do gênero, com seus 16 quilômetros de comprimento, conectando diversos edifícios, restaurantes, shoppings e lojas espalhadas pela cidade.O nome do sistema é +15, e fica em média 4,5m do chão. É beeeeeem legal isso.

Calgary não é uma cidade muito turística. É sede das maiores companhias petrolíferas do país, bem como de outras companhias petrolíferas estrangeiras instaladas no Canadá. Outras empresas, que trabalham com engenharia e geologia, também possuem suas sedes principais instaladas aqui.

A cidade é administrada por um Prefeito e um Conselho Municipal e o mandato é de 3 anos. O Conselho é eleito pelos 14 distritos da cidade, um pra cada distrito. 

Fora toda essa parte técnica, que eu já havia dado uma prévia no post anterior, Calgary possui muitos parques e é absurdamente linda tanto de dia quanto de noite. Nós estamos gostando muito daqui, é uma cidade incrível. 

Aqui tem uma Universidade e outras 5 faculdades. E uma média de 200 escolas parece. Essas informações peguei na aula de inglês aqui. Minha escola não é muito boa, não gostei muito. Achei muito cara para o que oferecem. Quando voltarmos, terei que procurar outra escola. 

Uma pergunta que todo mundo deve tá fazendo: E a segurança? - De dar inveja meus amigos. Andamos a qualquer hora do dia e da noite sem nos preocuparmos com os celulares, notebooks na mochila e dinheiro na carteira. Não existe preço que pague por isso. As pessoas me perguntaram o que havia me encantado tanto em morar fora do país: essa é uma das principais respostas, a segurança meus amigos.

Claro, não estou dizendo que não existem marginais, criminosos por aqui. Claro que existe! Eles roubam carros e não pessoas. Ano passado o número de mortes em Calgary por crimes cometidos foi de 9 assassinatos. 6 deles na mesma noite, em uma festa, onde um maluco disparou tiros. NOVE. Nem quero comparar com o número de mortes só em Porto Alegre/RS.

Esses dias conhecemos a parte antiga de Calgary e eu adorei. Simples, aconchegante, de casinhas pequenas e graciosas. Voltamos a pé pra casa, costeando o rio até chegar em casa. Encontramos apenas alguns loucos como nós naquele frio. Mas a sensação de segurança surpreende e leva um tempo até acostumar. Chegamos sãos e salvos em casa e ainda conseguimos parar pra tirar várias fotos. (Quero ver parar pra tirar foto nos Açorianos às 22h! hahaha)

Os dois últimos fins de semana foram muito legais. Na semana passada tivemos um feriado aqui, então aproveitamos mais. Fomos para a cidade de Banff, que fica a 1h30m daqui. Cidade MUITO linda. Adorei e quero muito voltar. Estilo bem  europeu de cidade do interior, nossa amei mesmo. 

Fomos para as montanhas! SIMMMMMMM! Fernando e os amigos foram esquiar (em português né gente hehe) e quase morreram de dor nos braços e nas pernas depois haha Eu não me arrisquei, tendo em vista que sou muito estabanada, não queria voltar engessada e acabar com a minha estada por aqui hehe

Mas eu andei 3 vezes no TELEFÉRICO ao ar livre e quase tive um colapso nervoso. O pessoal pega o teleférico pra subir com os skis e as pranchas de snowboard. Eu e a Társila fomos sem skis mesmo. 

Aquilo sim não tinha segurança nenhuma, meu deus. Os pés livres e as mãos congeladas agarradas naquela barra pra não cair. Eu entrei em pânico na primeira vez, gritei tanto que as lágrimas congelaram no meu rosto. É muito alto e eu tenho MUITO MEDO DE ALTURA. Essa gente aqui gosta de se arriscar. 

Subir foi horrível, imaginem descer. Montanha russa em câmera lenta e eu não ando de montanha russa. Não consigo descrever o que eu senti, mas era MUITO LINDO. Vou postar umas fotos por aqui no final. :)

Ah, joguei dardos num pub aqui e GANHEEEEEEEEEEI. Minha mira era muito boa e eu nem sabia. Cuidado pra não me irritarem quando eu voltar hahaha

Nesse último fim de semana fomos conhecer a famosa Calgary Tower. Linda, linda, linda. Existe um deck lá em cima onde o chão é transparente. É UMA LOUCURAAAAAAAAAAAAA, a impressão é de queda. Não consegui ficar mais de 3 segundos em cima e não aproveitei muito porque fiquei com medo. 

Jantamos por lá também e o restaurante gira em 360 graus. FANTÁSTICO. Tu só percebe se estiver perto da janela e quando a paisagem muda. É sensacional. Recomendo muito pra quem vier me visitar um dia uma janta ou almoço por lá. Vou postar fotos também.

Ah, existem também algumas ruas comerciais por aqui e elas parecem muito com a Haight em San Francisco! Ahhhh, é lá que quero viver quando viermos pra cá! :) É perto da Universidade e absolutamente graciosa. Vocês lembram do Caburé de Atlântida? Lembram daquelas ruas impecáveis de tão limpinhas e as casas todas queridas? Me lembrou muito essa parte hehe

Ah.. estou tomando antibiótico por 10 dias! Sinusite e bronquite, resultado do fim de semana na montanha :) Liguei pro Seguro de Viagem e deu tudo certo, tá tudo bem :)

Esse post ficou muito grande, desculpem por isso. :P Vou postar umas fotos pra vocês darem uma espiada :)


Eu e a Társila, cagadas de medo no teleférico, rindo de nervosas!




















Eu e Filipe

 Tassy e Fábio

Sunshine Village - Estação de Ski e Snowboard

 Fernando, Filipe e Fábio

Eu e a Tassy sem enxergar muito por causa do reflexo do sol na neve hahaha

Topo de uma das montanhas - absurdamente lindo e frio
 


Fê se puxando na aula pra aprender e não cair hehe






 Pinto no lixo





 Pinguim em cima da geladeira hehe A gente usa tanta roupa que não dá pra se mexer..

Estação no topo da montanha

Panorâmica do pessoal chegando pra descer a montanha :) - Cliquem na foto que aumenta o tamanho e dá pra ver melhor

Tassy se divertindo



Banff


 



 Terceira Avenida - nossa rua








 Calgary Tower



 Cabelinho cogumelo pra proteger a nuca do frio hehe

 Eu e Tassy 




 

Tassy e eu sempre pegando as mesmas coisas pra mostrar uma pra outra até nos darmos conta de que somos muito parecidas! Grande amiga que Caglary me deu. Pessoa simples e muito querida! Ela tá indo embora amanhã e eu to de coração partido. Obrigada por todos esses dias divertidos, com muitas risadas, histórias, aulas de inglês e companhia!  Em breve nos encontramos novamente em Porto Alegre! :)




 Obrigada por terem visto até aqui e obrigada pelas 17 mil visualizações do blog!! Fiquei super contente quando vi a marca! :) Meu blog surgiu com inúmeros propósitos e completamente despretencioso!

Grande beijo pra minha família, meus amigos e todo mundo que vem dar um bisú por aqui! :)

- Mari Day